Somos obrigados a reencarnar?
A reencarnação é uma realidade na maioria das tradições esotéricas. Sabemos que o espírito vive experiências na matéria, retornando para completar o processo de crescimento que o completa em sua integralidade divina. São as experiências que vivemos, especialmente na matéria, a escola mais difícil, que proporcionam o aprendizado que permite expandir nossas capacidades e experimentar todas as posições da roda de Samsara.
“Da mesma forma que nos desfazemos de uma roupa usada para pegar uma nova, assim a alma se descarta de um corpo usado para se revestir de novos corpos”
Mas será que somos obrigados a reencarnar? Após nosso desencarne podemos escolher não encarnar novamente? Como isso funciona? Quem está buscando a espiritualidade, certamente já se fez essas perguntas. O livre-arbítrio é um conceito que gera confusão e nos faz questionar até que ponto chega o nosso poder de escolha. E parte do processo de despertar é descobrir que sim, temos responsabilidade pelo que nos acontece em vida. Não só através das escolhas que fazemos, mas também do planejamento que fizemos antes de encarnar quando estávamos no plano espiritual. Por pior que sejam suas experiências, você escolheu e concordou passar por elas por entender que elas iriam proporcionar o aprendizado na medida exata da necessidade do seu espírito.
Reencarnação compulsória
A tradição espírita nos ensina sobre a reencarnação compulsória. Nela, o espírito não participa como da mesma forma quando a reencarnação é planejada. E sem a participação do espírito, podemos dizer que não houve uma escolha, até porque, se esse foi o mecanismo que se estabeleceu, é porque esse espírito não tinha condições de participar do processo. Nesse sentido e referente aos casos onde a compulsoriedade toma o lugar da escolha, a resposta para a pergunta “somos obrigados a reencarnar” é sim.
Podemos encontrar um exemplo sobre reencarnação compulsória na obra de André Luiz, chamada Nosso Lar. Nesse livro ele conta a história de sua mãe, um espírito mais evoluído, que se envolveu afetivamente com o pai dele que ainda não havia alcançado o mesmo estágio de desenvolvimento. Enquanto viveram casados, o pai de André Luiz teve muitas amantes, causando imenso sofrimento aos familiares,especialmente a esposa. Entre essas amantes, com duas ele se relacionou de forma mais intensa e estabeleceu uma relação mais duradoura, que resultou em um envolvimento mental doentio após a morte.
“Ninguém pode ser salvo sem renascer e sem livrar-se das paixões que entraram no último nascimento espiritual”
Quando todos já haviam voltado para o mundo espiritual, uma nova encarnação estava sendo planejada. A mãe de André Luiz se preparava para reencarnar e planejava casar novamente com o seu marido e assumir essas duas amantes do marido como suas filhas. Somente os laços familiares entre pais e filhos produz o amor verdadeiro que pode anular os erros do passado e conectar os espíritos através desse sentimento que consegue trazer a harmonização. Mas veja, somente a mãe de André Luiz estava consciente e evoluída o suficiente para planejar esses acontecimentos, ao contrário das duas amantes e também do pai. Eles iriam reencarnar compulsoriamente, ou seja, seriam retirados do ambiente para o qual foram atraídos por afinidade após a morte sem que percebessem, e encarnados nessas condições quando chegasse o momento certo.
Espíritos obsessores, por exemplo, também sofrem reencarnações compulsórias. Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, certo? Deus não deixa ninguém de fora, nem mesmo que um espírito não esteja em condições de entender sua situação e trilhar o caminho da evolução. Independente das condições em que se encontre, uma nova chance sempre será dada ao espírito.
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Planejando a encarnação
O planejamento encarnatório é o que acontece com a maioria dos espíritos encarnados. Após sua morte, mesmo que tenham cometidos erros terríveis, eles se arrependem e se tornam grandes trabalhadores da Luz. Porém, o ciclo deles ainda não encerrou, o que significa que eles ainda precisam reencarnar. Mas eles possuem merecimento, portanto, podem participar do planejamento da encarnação que virá a seguir, exercendo seu poder de escolha. E vale dizer que, na maior parte das vezes, o aprendizado que recebemos após a morte é tão impactante que os espíritos desejam reencarnar, pois entendem os propósitos do mecanismo divino de evolução, retorno, resgate, despertar, expansão e amor incondicional.
É como quando uma boa pessoa descobre que, sem ter consciência, acabou causando algum mal a alguém que gosta. Prejudicou ou feriu um amigo, um familiar ou alguém próximo. Qual é a reação que a pessoa tem quando descobre o que aconteceu? Quando toma consciência de que, mesmo sem a intenção, errou e magoou alguém? Imediatamente ela tenta reparar o erro, pedir desculpas e fazer o que estiver ao alcance dela para consertar a situação. Quando morremos o que acontece é muito semelhante. Desejamos, com todas as forças, voltar.
No capítulo 13 do livro Missionários da Luz, temos o exemplo da reencarnação de Segismundo, um espírito que cometeu um erro terrível em sua última vida mas que participa do planejamento da próxima experiência. Vemos que, não só os familiares, mas o país, as características físicas, biológicas e também financeiras fazem parte dessa projeção. Segismundo ia reencarnar como filho do homem a quem ele havia matado na reencarnação anterior, em uma disputa amorosa com fim trágico: Segismundo matou o seu rival para ficar com a mulher. Agora, ele não só viria filho daquele que ele ceifou a vida, como também da mulher que o levou a cometer esse ato; ia reencarnar como filho dos dois para que eles, em conjunto, numa formatação familiar, se harmonizassem, se reajustassem uns com os outros e com o propósito divino.
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”
Nesse caso, vemos que houve um planejamento com a participação de Segismundo, que estava inteiramente de acordo com esse resgate. Apesar do erro que cometeu, ele se arrependeu, se regenerou e se tornou um excelente trabalhador da espiritualidade, conquistando o merecimento e a condição de fazer as escolhas sobre a próxima encarnação, de forma consciente e de acordo com o que a espiritualidade esperava dele.
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Quando temos o poder de escolha
Quando nos libertamos do karma, ou seja, quando já extraímos o máximo das experiências da encarnação na matéria, se abre em nosso caminho evolutivo a possibilidade da escolha. Ou seja, até certo momento de nossa evolução, somos “obrigados a reencarnar”, como um remédio amargo que uma mãe dá para um filho doente. Se depender da criança, ela não toma o remédio, pois ele tem um sabor desagradável. Mas o adulto sabe que ele é necessário para a cura da doença que se instaurou na criança, então ele “força” a criança a tomar o medicamento.
Mas, a certa altura de nossa jornada, não é mais necessário reencarnar, ao menos não na matéria. Podemos escolher terminar nosso ciclo no mundo espiritual, prestando assistência aos espíritos menos evoluídos e que precisam desse apoio. É o caso de alguns socorristas, médicos e mentores, por exemplo. Eles ainda participam da vida material, mas essa participação acontece através de um interferência vinda do plano astral. Até que se encerre o ciclo totalmente e eles possam partir para outros projetos, outros mundos, outras vivências.
Isso ocorre com os mestres ascensionados e os grandes avatares. Eles já estão livres do projeto que envolve a Terra, mas com enorme abnegação e amor, escolhem continuar auxiliando a humanidade em sua evolução. Eles podem partir, mas continuam presentes, trabalhando em nosso favor nas dimensões superiores.
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