Divagar: os benefícios de sonhar acordado
Imagine a seguinte situação: você está sentado em uma sala de aula em um dia ensolarado enquanto o seu professor de matemática explica alguma equação complicada. Inicialmente, você presta muita atenção ao que o professor está dizendo, mas o som das palavras que saem de sua boca começa a gradualmente desaparecer à medida que você nota o seu estômago roncar, o sol começa a esquentar e você começa a pensar no delicioso sorvete que você comeu no dia anterior.
Imagino que você já tenha passado por uma situação similar onde começou a parar de prestar atenção no que um amigo, parente ou professor falava, pensando em outra coisa completamente diferente do assunto que estava sendo abordado ou da tarefa que você deveria cumprir.
Você pode começar a pensar no filme que viu momentos antes, ou no jogo de futebol que vai passar à noite, por exemplo, tudo menos o que está sendo apresentado para você no momento presente. Esse fenômeno é chamado de divagar, que é um período de tempo em que estamos focados em coisas que não estão relacionadas com a tarefa em andamento ou com o que realmente está acontecendo ao nosso redor.
Divagar é humano e aumenta a criatividade
Uma característica humana única é nossa capacidade divagar, que como falamos antes, são períodos de tempo em que nossa atenção se afasta da tarefa presente – para se concentrar em pensamentos que não estão relacionados a ela. O ato de divagar tem alguns benefícios, como o aumento da criatividade, mas também tem algumas consequências negativas, como erros na tarefa que supostamente estamos realizando.
Em média, os humanos passam até metade das suas horas de vigília divagando. Claro que cada pessoa se comporta de maneira diferente e as diferenças entre os indivíduos afeta a tendência dele ou dela divagar. Por exemplo, pessoas mais velhas, em média, tendem a divagar menos do que pessoas mais jovens.
Além disso, pessoas que estão frequentemente tristes ou preocupadas divagam com mais frequência em comparação as que estão felizes e que não têm muitas preocupações. É também mais fácil divagarmos quando estamos executando tarefas que fazemos constantemente do que quando estamos fazendo algo novo e desafiador.
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Como funciona o nosso cérebro quando a mente divaga
Como o cérebro funciona quando divagamos? Pesquisas sugerem que quando a mente vagueia, nossas respostas às informações do mundo externo ao nosso redor são perturbadas. Em outras palavras, os recursos de nosso cérebro são desviados do processamento de informações do ambiente externo e redirecionados para nosso mundo interno, o que nos permite divagar mentalmente para outro tempo e espaço.
Apesar de prestarmos menos atenção ao mundo externo durante o processo, a nossa capacidade de detectar acontecimentos inesperados no ambiente que estamos externamente é preservada. Isto sugere que no final das contas o nosso cérebro sabe onde realmente estamos e está ciente do que ignoramos ou prestamos atenção no ambiente externo, mesmo quando estamos divagando.
Quais são os prós e contras em divagar?
Como passamos tanto tempo divagando, isso é bom ou ruim para nós? Certamente há benefícios.
Por exemplo, uma das coisas que a mente faz quando vagueia é fazer planos sobre o futuro. Planejar com antecedência é um bom uso do tempo, pois nos permite realizar com eficiência nossas tarefas diárias, tais como terminar os deveres de casa, praticar futebol e preparar-se para um desempenho. Quando a mente vagueia, também é provável que reflitamos sobre nós mesmos. Este processo de pensar sobre como pensamos, nos comportamos e interagimos com os outros ao nosso redor é uma parte crucial de nossa autoidentidade. O ato de divagar também está ligado à resolução criativa de problemas. Há momentos em que ficamos presos a um problema matemático desafiador ou nos sentimos sem inspiração para pintar ou fazer música, e pesquisas sugerem que fazer uma pausa para pensar sobre esses problemas e deixar a mente vagar para outro tópico pode eventualmente levar a um momento repentino de clareza, no qual chegamos a uma solução ou ideia criativa.
No entanto, divagar também pode ter resultados negativos, assim como a maioria das coisas. Por exemplo, divagar em uma aula significa que você vai perder o que está sendo ensinado, ou divagar enquanto faz seu dever de casa pode resultar em erros. Levadas ao extremo, as pessoas que são diagnosticadas com depressão constantemente se envolvem em seus próprios pensamentos sobre seus problemas ou outras experiências negativas. A dificuldade em completar uma tarefa é um dos principais pontos negativos do ato de divagar.
Estamos apenas começando a entender esta misteriosa experiência de ter uma mente que vagueia, e os cientistas seguem pesquisando ativamente o que se passa no cérebro quando isso acontece. Aumentar o nosso conhecimento sobre a mente que divaga nos ajudará a entender melhor como tirar proveito dos seus benefícios, evitando ao mesmo tempo os problemas ligados à nossa capacidade de sonhar acordado.
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