Os 78 Arcanos do Tarot de Rider Waite Smith
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Os curiosos e amantes do Tarot compreendem como esse fascinante instrumento faz uma correlação em que o Macrocosmo, ou Universo, se reflete no Microcosmo, o nosso Self individual. Por esse motivo o Tarot constitui uma poderosa ferramenta para autoconhecimento e conexão espiritual.
Visitar suas origens históricas remonta um período em que a força da magia sobreviveu às brumas da Idade Média até chegar no formato mais popular veiculado na atualidade. Saiba tudo sobre o Tarot de Rider Waite Smith.
Arcanos Maiores e os Arcanos Menores to Tarot
Os Arcanos Maiores e os Arcanos Menores são os dois grupos principais que compõem o baralho de tarô. Os Arcanos Maiores são formados por 22 cartas que representam lições de vida, arquétipos e grandes mudanças espirituais, sendo considerados as cartas mais poderosas em uma leitura, pois refletem os eventos e aprendizados mais profundos. Já os Arcanos Menores consistem em 56 cartas que se dividem em quatro naipes (Copas, Espadas, Ouros e Paus), e tratam das situações do dia a dia, aspectos emocionais, mentais e materiais, oferecendo uma visão detalhada das experiências e desafios cotidianos. Para conhecer mais sobre os significados de cada grupo, confira os artigos dedicados aos Arcanos Maiores e aos Arcanos Menores.
História do Tarot de Rider Waite Smith
O primeiro ponto intrigante dessa história é como se deu o florescimento da alquimia, do esoterismo e também do ocultismo no mundo ocidental. Principalmente se considerarmos que o pensamento medieval era fortemente condicionado pelo poder da Igreja, encaixando a relação entre a fé e a razão científica na ideologia cristã.
No entanto, o continente europeu foi também palco de invasões e migrações, abrigando uma variada mistura de povos e culturas distantes – principalmente muçulmanos e judeus. Esse caldeirão místico foi fortemente condenado e perseguido pela Inquisição, da mesma forma que havia reprimido a tradição wiccana. Mesmo assim, entre século XIV e século XV (final da Idade Média), os nobres no norte da Itália praticavam um jogo cujas cartas (“tarocchi”) se baseavam no calendário agrícola, o qual demarcava as quatro estações e as lunações. Tal prática se espalhou pela Europa, e na França esse jogo ficou conhecido como Tarot.
Avançando na História, já na chamada Idade Moderna, com a queda do poder da Igreja e da Monarquia, as revoluções políticas remarcaram as fronteiras do mundo e do conhecimento. Exploradores estavam curiosos. Nesse clima de fascínio e novidade, o ocultismo e os estudos esotéricos ressurgiram. Estudos em Egiptologia receberam grande atenção. Antoine Court de Gébelin demonstrou correlações entre o Livro Sagrado de Thoth, da mitologia egípcia antiga, e as cartas de Tarot. Eliphas Lévi identificou a representação dos arcanos do Tarot na tradição mística judaica da Cabala.
Escolas e ordens ocultistas se formaram ao redor dos trabalhos de Eliphas Levi, Rudolph Steiner, Aleister Crowley, Helena Petrovna Blavatsky e outros que fizeram a ponte entre o misticismo cristão ocidental e as culturas do Oriente.
Nos Estados Unidos a Sociedade Teosófica e a Ordem Rosacruz foram dois grupos que se debruçaram sobre o Tarot e seus símbolos com entusiasmo (início do século XX). O místico e estudioso britânico Arthur Edward Waite iniciou como membro da Ordem Hermética da Golden Dawn. Mais tarde ele criou sua própria ordem, de perfil mais cristão, a Ordem Rosacruz.
Pamela Colman Smith nasceu em Londres. Filha de mãe jamaicana e pai inglês, viajou por vários países e continentes. Mulher negra, dotada de talento e clarividência, foi educada em Artes, que muitas vezes produzia em estados de transe. Era também escritora. Por essas características, e por ter participado da Ordem Golden Dawn, Waite confiou que Smith seria a pessoa ideal para concretizar sua visão e contratou-a para ilustrar uma edição moderna do Tarot.
Mesmo seguindo a orientação de Waite, Smith teve bastante autonomia na criação das cartas. A elaboração das ilustrações reuniu elementos da tradição egípcias de Eliphas Levi, simbolismo cristão, referências astrológicas da Golden Dawn, o baralho medieval da Sola Busca, pesquisas realizadas no Museu Britânico, o simbolismo pessoal de Waite, e a extraordinária sensibilidade artística e mística de Smith.
E qual sua diferença?
O grande diferencial, em comparação com outros baralhos em voga na época, foi não colocar em seus trunfos uma associação aberta com o alfabeto hebraico e a Cabala (que eram essência do Tarot oculto) e contar com vários componentes da linha cristã. Esse conceito criou uma fonte de mais fácil assimilação de seu conteúdo e daí seu grande sucesso.
Dessa colaboração resultou o baralho de Tarot mais influente e conhecido do mundo até os dias de hoje. Foi lançado em 1909 com o livro que o acompanha, “A Chave Ilustrada do Tarot”, escrito por Waite. Embora as cartas tenham sido graficamente concebidas por Smith, que entregou a encomenda por uma pequena quantia em dinheiro, o combo foi publicado levando apenas os nomes de Arthur Edward Waite e de seu editor William Rider como cocriadores. Apenas mais recentemente, essa injustiça foi “corrigida” e a comunidade do tarot passou a se referir ao deck como o baralho Rider-Waite-Smith (RWS), ou simplesmente Baralho Waite Smith (WS).
O sucesso foi tão expressivo que acarretou incidentes de pirataria e luta pelos direitos autorais. Na época da Segunda Guerra Mundial foram destruídas e perdidas as ilustrações originais de Smith, desenhadas à mão pela artista. A US Games, Inc. adquiriu os direitos exclusivos do nome Rider Waite em 1971. Atualmente, é a distribuidora que disponibiliza no mercado a versão mais próxima do trabalho original.
Desde seu lançamento, foram criadas centenas de outros decks inspirados em Rider-Waite-Smith, apresentando as opções estéticas e temáticas mais específicas variadas, conforme a inclinação de cada artista, a época ou o público-alvo.
A contribuição inestimável de Pamela Smith se difundiu, continua alimentando a intuição e clareando o caminho de muitos estudiosos, buscadores e profissionais. Devemos muito à genialidade de suas ilustrações. É legítimo que se resgate o peso decisivo de sua participação na confecção de um recurso de tamanho valor e sabedoria para a humanidade e para a comunidade do Tarot.
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