Terapia Junguiana: descubra a psicologia analítica
Falar sobre a nossa mente ou de terapias que a coloquem em um estudo elucidativo é sempre muito complicado. O ser humano, em si, é dotado de muitas complicações. É exatamente por causa disso que hoje vamos falar sobre a Terapia Junguiana, desenvolvida pelo pensador e médico suíço Carl Jung. Graças aos estudos e experiências do Dr. Jung, a Psicologia Analítica pode nascer.
Carl Jung teve os primeiros esboços de sua teoria logo após ter se distanciado de seu amigo Freud, outro grande teórico psicanalítico. Carl começou a fazer experimentos, a testar e conversar com as pessoas, desenvolvendo assim um método que busca o equilíbrio, a harmonia entre duas essências que todos os humanos possuem: o consciente e o inconsciente.
O que é Terapia Junguiana?
A terapia junguiana se baseia nos princípios da integridade em que se refere o nosso estado psíquico. Ela procura nos fazer ver o que até então nós ocultávamos. O inconsciente é trabalhado de maneira que ele possa aparecer mais nítida e, assim, adentrar ao campo do consciente. É nesse ponto que diversas experiências que recalcamos começam a aparecer.
Essa terapia visa o reconhecimento daquilo que há de mais oculto em nós. Assim, um dos termos mais conhecidos na psicologia analítica é justamente o de arquétipo. Esse termo se refere aos diversos invólucros que nossa mente possui. Por exemplo, podemos pensar em uma pessoa que é muito arrogante e faz com que todos à sua volta se sintam deprimidos, entretanto, esta pessoa não percebe que é assim, ela acredita que é alguém normal, de bom caráter e saudável psicologicamente. Essa pessoa, provavelmente, tem o arquétipo da Sombra.
A sombra, no ser humano, configura tudo aquilo que está oculto. Jung dizia que a Sombra é aquilo que muitas vezes não queremos revelar. O engraçado é que às vezes sabemos e reconhecemos a nossa sombra e, em outros momentos, nem sequer conseguimos pensar nela, tamanho o distanciamento que temos com os nossos defeitos.
Muitas pessoas não conseguem assumir seus erros e defeitos, se transformando com o passar do tempo em alguém fechado e artificial, porque nunca conseguiu lidar com suas questões anteriores. Por este motivo, é importante que saibamos reconhecer a nossa sombra para que possamos lidar com ela!
Reconhecer a nossa sombra, como o principal invólucro de negatividades de nosso inconsciente, é também nos reconhecer a nós mesmos, sobretudo porque quando conhecemos os nossos defeitos, podemos relacioná-los às nossas qualidades e, assim, descobrimos modos e estratégias para levar uma vida melhor e mais equilibrada.
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Como funciona a Terapia Junguiana?
O maior e inicial objetivo para o funcionamento da Terapia Junguiana é justamente o trato com o desconhecido. Se o analista ou terapeuta não souber lidar com o que ele não conhece e com o que ele quer descobrir, ele nunca chegará a um tratamento eficaz de desconfortos e desordens psíquicas.
Para tal, é necessário a sede pelo desconhecido e a vontade de ajudar o próximo.
A Terapia Junguiana se vale de uma dialética constante e muito intensa. Para que seja possível a descoberta de traumas, receios e padrões é necessária muita observação. Analisar o paciente em todos os seus jeitos e palavras é essencial. É por causa disso que a relação entre paciente e analista deve ser direta e, ao mesmo tempo, indireta.
O analista começa a perceber e se indagar sobre aspectos nossos que nem nos damos contas. Às vezes, algumas repetições de palavras que não conseguimos conter. Certas manias que demonstramos quando estamos em situações específicas, certos pontos de vista que podem suscitar algo na mente do analista, entre outros padrões.
Nas teorias freudianas, muitas destas questões também foram tratadas, mas Jung decidiu tratá-los de uma maneira mais social, levando em conta o Inconsciente coletivo, também conhecido como a camada mais profunda de nossa mente, de nossa psique.
O inconsciente coletivo é o conjunto de consciência e aprendizados humanos ocultos desde os nossos mais antigos antepassados. Quando hoje agimos de tal forma, a teoria junguiana saberá que a primeira explicação se encontra em nossas raízes. Quando tratamos os moradores de rua de tal forma, ou quando lhes damos uma esmola, tudo isso se refere ao que a sociedade, desde o início de tudo, estruturou para o futuro, ou seja, toda a construção social desde o início do mundo tem os seus reflexos e consequências até os dias de hoje.
O analista então tomará sempre estes dois pontos de partida. Primeiro, ele já terá a consciência de que algo coletivo e inerente a todos nós está na vida e na mente de seu paciente e, em segundo lugar, ele também vai reconhecer e procurar conexões com o inconsciente particular desse paciente. Como o particular de alguém pode estar se conectando com o coletivo de toda uma sociedade?
Técnicas de Terapia Junguiana
As técnicas para a terapia junguiana são várias. Elas, em alguns casos, também seguem ordens, mas dependendo da visão do analista, elas também podem ser colocadas ao mesmo tempo para uma análise. As técnicas à terapia junguiana nada mais são do que estratégias para ajudar o paciente em seu desenvolvimento psíquico e nas respostas que ele procura.
Geralmente, as pessoas que procuram uma terapia analítica, elas nutrem alguma perda de memória ou algum desconhecimento sobre si mesmas. Por isso, é muito comum que tenhamos pessoas que, em outros lugares, foram diagnosticadas até mesmo com amnésia. Na verdade, elas não estão em quadro amnésico, mas provavelmente em negação, em recalcamento, etc.
Uma das técnicas iniciais mais comuns é a do reconhecimento do Inconsciente. É necessário trabalhar com esta matéria que existe, mas que não se pode ver, a não ser pelos seus efeitos. E são justamente nos efeitos que focaremos.
Muitas vezes não conseguimos expressar algo através de palavras, mas um choro, um sorriso ou um gesto já podem nos revelar o que palavras não conseguiriam. É justamente isto que acontece na terapia junguiana. O analista pode descobrir muito mais sobre o paciente através de uma observação lenta e paciente do que através de textos e longas conversas demandadas.
A segunda técnica é a interpretação de sonhos. Jung acreditava que os sonhos estão interligados intensamente com os nossos dois campos mentais, o consciente e o inconsciente. Assim, quando sonhamos, podemos encontrar traços de nossa personalidade, como se o sonho fosse realmente uma visão sobre aspectos nebulosos de nossa vida privada.
Mesmo que os sonhos se brotem do nível do inconsciente, às vezes conseguimos nos recordar e vivenciá-los pela ação do consciente que se aproxima. Nesses momentos, nos sentimos mais completos porque conhecemos aquilo que faz parte de nós e nos é involuntária. Deste modo, é importante que, logo que sonhamos com alguma coisa, possamos conversar sobre esses sonhos com algum terapeuta. Ele, a partir dos relatos, seguirá os seus padrões e procurará desvendar o que se esconde atrás da máscara do Ego.
Seguindo os nossos padrões comportamentais, um analista pode – através de nossos arquétipos herdados – descobrir vários complexos presentes em nossa vida. Às vezes nós reconhecemos estes arquétipos, mas não conseguimos defini-los ou entendê-los em sua essência e, em outros momentos, o temos e nunca conseguimos expô-lo pois seriam difíceis à compreensão ou, até mesmo, à aceitação.
O Complexo de Caim é um dos complexos mais herdados pelos seres humanos, este é relacionado aos ciúmes e à inveja. Muitas vezes é difícil a confissão da seguinte frase: “Eu tenho ciúme!”. Como é difícil revelar que sentimos ciúmes ou que temos inveja de alguém, de alguma coisa. E, graças à análise de padrões comportamentais de fala e gesto, o analista pode nos ajudar a superar ou, ao menos, amenizar as consequências deste complexo.
O Complexo de Aquiles é outro muito comum, sobretudo entre os homens. As mulheres, pelo inconsciente coletivo, conseguiram aceitá-lo e exteriorizá-lo muito mais, a fim de o entenderem e integrá-los ao seu conhecimento. Entretanto, com os homens é mais complicado, pois o Complexo de Aquiles diz respeito à fragilidade. E, quando a masculinidade de um homem é ferida, ele pode se tornar muito violento e cruel.
E devido a complexos como esses que a violência no homem aparece. Muitas vezes um homofóbico aparece num consultório reclamando de homossexuais e de como a vida lhe é injusta, mas não sabe que tudo está sendo complexado. Em vários casos, este próprio homofóbico é um homossexual que não soube lidar com a sua fragilidade frente à sociedade e tornou-se um agressor para se proteger a si mesmo!
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Interpretação de sonhos na Terapia Junguiana
Um dos pontos mais surpreendentes e interessantes da teoria junguiana é a unicidade. Sim, esta palavra tem a ver com o adjetivo “único” e define a qualidade de tudo que é “único”, “singular”. Jung, diferentemente de vários outros estudiosos da mente humanada, dizia que cada humano, que cada homem e mulher, deve ser tratado de maneira diferente e única, pois somos únicas.
A maioria dos outros cientistas tratavam o ser humano enquanto objeto científico e, devido a isso, boa parte de suas conclusões eram direcionadas à toda raça humana. Jung desmistifica isso quando defende a ideia de que cada paciente deve ser tratado como uma pessoa diferente. Às vezes um padrão em alguém não quer dizer a mesma coisa em outra pessoa, bem como os arquétipos que se misturam entre si.
Não é à toa que ele deu muita importância aos sonhos, dado que os sonhos são criações líricas e figuradas de nosso inconsciente que se revela a nós mesmos. Jung recomenda aos seus pacientes de escrevem ou gravarem tudo o que sonhavam, a fim de que – na consulta seguinte – o paciente pudesse relatar o produto de seu inconsciente que aparece cinematografado em sonho, em cena onírica.
A partir dos sonhos, o analista começa a reconhecer padrões, repetições, jogos de cores, relações familiares, tudo o que pode indicar experiências passadas que ainda não foram reconhecidas pela pessoa.
Um exemplo muito claro disso é o abuso. Muitas pessoas são abusadas enquanto ainda são crianças, mas na mente de criança não conseguiram perceber o abuso. Desta maneira, elas crescem com uma incógnita que às vezes se revela em sonho. Quando, por ironia do destino, são avaliadas e o analista começa a fazê-la enxergar o abuso infantil, a pessoa se desaba em choro e expressão, pois nunca foi capaz de entender o que lhe entalava no fundo do inconsciente.
Daí está o papel primordial do sonho, que na maioria dos casos resguarda informações e detalhes que nem sequer poderíamos imaginar por conta própria. Daí também comprovamos a importância da dialética entre o analista e um paciente.
Eficácia da Terapia Junguiana: ela é eficaz?
Essa questão é naturalmente colocada quando se discute a terapia junguiana. Será que vale a pena? Será que não é melhor procurar outros tipos de tratamentos?
Bem, a resposta à eficácia é afirmativa: sim, ela é eficaz. Mas, por quê? Porque as pessoas que se sentem deprimidas, que possuem um “branco” em suas vidas e não conseguem mais se reconhecer no espelho podem encontrar mais uma vez um sentido para a vida.
É muito triste quando não conseguimos ligar os pontos e entender porque somos como somos. Reconhecer em nós mesmos as nossas personalidades, desejos e tristezas. Quem realmente somos e por que somos assim? O que é que nos fez sermos desta maneira? Será que somos seres normais ou temos algum distúrbio?
Estas questões são geralmente postas pelas pessoas que são atendidas por analistas junguianos. As pessoas necessitam de saber mais sobre si mesmas, sobre suas histórias e sobre o que as formou para que elas fossem desse jeito, para que elas sonhem esses sonhos, para que elas cometam as ações que realizam, entre outras questões da existência.
Se você está procurando respostas que – atualmente – parecem impossíveis e sem pé nem cabeça, talvez fosse interessante que você procurasse uma terapia junguiana, a psicologia analítica não pensa em receitar remédios, mas sim em procurar entender – primeiramente – o que te fez ser como você é, como você está.
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