Véu de Ísis e a cegueira espiritual humana
A teosofia é bastante conhecida e suas ideias têm muita presença no universo esotérico. Ísis sem Véu é uma das obras muito famosas publicadas por Helena Blavatsky, uma espécie de tratado sobre todas as forças naturais que não estão acessíveis para quem está encarnado.
Fazendo uma analogia, é como se existisse um véu constantemente posicionado no olhar da humanidade, que torna todas as outras dimensões invisíveis, logo, fora do alcance do nosso conhecimento. Uma vez retirado esse véu, seria como se todos desenvolvessem ao mesmo tempo suas capacidades mediúnicas e passassem a enxergar o mundo espiritual.
“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”
No prefácio, Blavatsky escreveu “um apelo para o reconhecimento da filosofia hermética, a antigamente universal Religião-Sabedoria, como a única chave possível para o absoluto na ciência e na teologia”. Prometendo revelar verdades espirituais sobre a natureza, a obra é considerada um marco na história do esoterismo ocidental, pois, reuniu temas centrais da tradição oculta e reinterpretou antigos conceitos à luz do desenvolvimento da ciência e religiões não-ocidentais.
A Deusa velada
Ísis foi uma das principais divindades do Antigo Egito, que sobreviveu ao tempo e continua ainda muito famosa. Além de toda sua história enquanto deusa, os poderes e cultos a ela associados, é a imagem de Ísis velada que deu origem a uma série de ideias que vão surgir no esoterismo moderno.
Na mitologia egípcia, o véu da deusa Ísis é a teia que separa morte e vida, o conhecido e o desconhecido, o eterno e o efêmero. Os filósofos gregos Plutarco e Proclo mencionaram uma estátua velada da deusa egípcia Neite misturada com Ísis, como um exemplo de universalidade e sabedoria enigmática. A estátua tinha as inscrições “Sou tudo que já foi e será; e nenhum mortal jamais levantou meu manto”. Essa tem sido a base para diversas interpretações e uma grande variedade de significados para essa imagem. Ísis representa a natureza como a mãe de todas as coisas, como um conjunto de verdades esperando para serem reveladas pela ciência. O conceito de uma única divindade que representa todos os poderes femininos tornou-se um tema explorado na literatura do século XIX e início do XX, e muitas tradições esotéricas modernas adotaram essa deusa universal em seus sistemas de crenças. Esta concepção de Ísis influenciou a Grande Deusa encontrada também em muitas formas de bruxaria contemporânea, como, por exemplo, a Wicca.
Os mistérios que escondem os véus de Ísis foram tema de muitas obras literárias e ainda fascinam muitas pessoas, alimentando esse grande e antigo mito.
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Mundos invisíveis por trás do véu
A ideia de que existe um véu que encobre mundos invisíveis e que nos limita a perceber apenas parte da realidade que nos rodeia é bem antiga.
Para os sufistas, a própria existência é considerada um véu, um elemento limitador que esconde uma verdade maior. No budismo, Maya é o nome dado a este véu, responsável por dissimular a realidade e criar uma espécie de matrix onde vivemos seduzidos, desacordados, inconscientes, hispanizados. O Islã também dirá que Deus revestiu as criaturas com o véu de seu nome, pois, se lhes mostrasse as ciências de seu poder, desmaiariam, e se lhes revelasse a realidade, morreriam. Até mesmo o Sol possui uma concepção simbólica nesse sentido: pode ser aquilo que cega com o véu que joga sobre os astros, escondendo sua luz, que apenas é revelada ao cair da noite.
“Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na verdade é este o saber”
Isso nos faz pensar sobre a tênue linha que nos separa do mundo dos espíritos. O tempo todo em nossa volta está acontecendo essa realidade cósmica, e quase ninguém de fato volta suas atenções para o desenvolvimento espiritual. Remover o véu da deusa Ísis significa a revelar da luz. É um véu fino e frágil que nos separa da verdade, das respostas sobre a nossa origem, nossa consciência sobre a continuidade da vida. E podemos despertar para essa realidade se assim desejarmos, pois, existem milhares de caminhos para o desenvolvimento espiritual abertura da mediunidade. Quando trabalhamos essas habilidades, aos poucos vamos retirando esse véu que nos encobre a visão e nos exclui da realidade espiritual. O que antes estava escondido, se torna visível bem diante dos nossos olhos.
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