Vida solitária: uma escolha ou fuga?
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
São frequentes, os pacientes que me procuram no consultório, querendo entender por que sentem um grande vazio, solidão profunda, mesmo tendo um(a) companheiro(a) ou rodeados de amigos, parentes, etc.
Há pessoas que sentem solidão, mesmo rodeadas de gente
Sentimento de não pertencimento
Muitos se sentem deslocados, não fazendo parte, ou não se sentindo pertencentes a nenhum lugar, mesmo no seio de sua própria família (sentem-se um “estranho no ninho”, não se identificando com os membros de sua família em gostos, valores, formas de pensar, etc.).
Fuga ilusória com drogas, bebidas, sexo etc.
Há ainda os que buscam preencher esse vazio interior, essa solidão, com drogas, bebidas, sexo, consumindo compulsivamente, ou se ocupam em excesso no trabalho (workaholics). Mas, em todos os casos, essa fuga ilusória, não resolve sua solidão, pois o vazio interior e a insatisfação continuam presentes. No aspecto afetivo, temos a solidão a dois, onde o casal experimenta um tédio, um vazio interior interminável. Estão juntos, apenas fisicamente, pois, não há carinho, amizade e cumplicidade. Daí ambos vivenciarem a dolorosa sensação de solidão, por sofrerem também do medo da intimidade.
O medo da intimidade impede o casal de se entregar no relacionamento afetivo
Entendo intimidade como a liberdade de ser o que se é, sem máscaras, disfarces, sem manipulação, por meio de jogos de poder, de dominação, no casal. Em outras palavras, intimidade é a expressão livre e prazenteira do casal quando ambos se sentem livres para serem o que são, sem reservas ou medo de ser julgado ou criticado, porque existe confiança. Embora a experiência da intimidade seja a forma mais rica de relacionamento num casal, por outro lado, é a mais temida por muitos, pois não sabem como serem íntimos, cúmplices, nesta jornada terrena.
Há casais que vivem num torpor mental e emocional, pois estão anestesiados emocionalmente
Não se permitem ser verdadeiros, amorosos – há casais que conversam somente assuntos triviais do cotidiano, não conseguem ser íntimos, expressar sentimentos de calor, ternura ou mesmo discutir seus conflitos, anseios e diferenças. Vivem, portanto, na superficialidade, conversando só o essencial. Não percebem, mas, vivem num verdadeiro torpor mental e emocional, por estarem anestesiados emocionalmente.
Corpo e alma estão dissociados, fragmentados
Pode ocorrer também, que o corpo e a alma estejam dissociados e fragmentados. Ou seja, seus corpos agem de uma forma, enquanto suas palavras dizem o contrário; proferem, por exemplo, palavras cheias de raiva, com um sorriso irônico nos lábios.
Resultado: vida íntima medíocre, limitada, sem paixão nem compaixão e profunda solidão.
Qual o aprendizado desse casal?
Resgatar a capacidade de amar, ser funcional do ponto de vista amoroso, exercitando a ternura, dulcificando mais o coração.
Freud, o pai da psicanálise, definiu saúde mental, como: “Sexualidade e sociabilidade naturais, espontânea satisfação pelo trabalho e capacidade de amar”.
É o caso de um paciente de 42 anos, casado, um filho
Ele veio ao meu consultório, com a seguinte queixa: solidão. Ele me relatou na entrevista de avaliação: “Dr. Osvaldo, eu me sinto só, um vazio, uma angústia, uma saudade, não tenho ideia do motivo. Sou casado, tenho um filho, minha vida financeira é estável, minha esposa, também trabalha, temos uma vida muito boa. Fico até com remorso, por me sentir assim. Minha esposa me perguntou por que não sou feliz com ela? Eu lhe respondi que não sou feliz com nada, que o problema está em mim”.
Na primeira sessão de regressão, após o relaxamento progressivo, ele me relatou:
Paciente: – Vejo uma casa, é uma casa de época… Parece uma fazenda. É uma casa branca, toda cercada por uma varanda grande. Vejo um homem sentado em uma cadeira de balanço, ele tem por volta de 45 anos – aparenta ser mais velho – usa barba e bigode, está com uma roupa branca, fuma um cigarro, tem um rosto sofrido. Parece um coronel, desses de plantação de café do período colonial.
Terapeuta: – Entre nessa casa.
Paciente: – Vejo uma família que se aproxima da casa: um homem, uma mulher e uma menina. O homem parece pedir emprego para o coronel, e a mulher e a menina ficam afastadas. (pausa). Acho que esse coronel, sou eu, nessa vida passada. Eu olho para a menina e me encanto com ela; ela tem por volta de 15 anos. Sou casado, minha esposa está muito doente pela perda do nosso filho. Eu acabo dando emprego a esse homem, na plantação; a mulher e a menina ficam trabalhando, dentro de minha casa. Fico impressionado com a beleza daquela menina; ela também me olha diferente, só que sou casado, e ela é apenas uma menina.
Terapeuta: – Avance nessa cena e veja o que acontece?
Paciente: – Minha esposa faleceu e, por incrível que pareça, não fiquei triste, pois eu queria aquela menina. O nome dela é Júlia. Queria ser feliz, poder ter filhos, viver… Foi o aconteceu… Vejo casando-me com a Júlia, eu estava apaixonado, fazia tudo para ela.
Terapeuta: – Avance novamente, nessa cena
Paciente: – Agora, eu a vejo grávida… ela está linda, tem uma barriga linda; a criança nasce, é um menino, se chama Davi. Foi o primeiro dos sete filhos que tivemos: 5 meninos e 2 meninas. (pausa). Sinto, agora, uma dor muito forte no meu corpo, estou doente, e, os 15 anos, que vivi com a Júlia estavam para acabar porque estou para morrer.
Vejo a Júlia, do lado de meu leito, o tempo todo; vejo o sofrimento em seus olhos, pedindo para que eu fique; ela ficou do meu lado até o final e dissemos um para o outro, que iríamos nos reencontrar. (pausa). Dr. Osvaldo, sinto que a Júlia não é a minha esposa atual; sei que não é ela. (pausa).
Agora, sinto aqui no consultório, um ser espiritual… Ele quer falar comigo…
Terapeuta: – Veja o que ele quer falar?
Paciente: – É uma revelação futura, ele diz: – Sua vida dentro em breve irá mudar; o tempo de sua esposa atual e o seu já se cumpriram, a natureza irá se encarregar, e cada um irá seguir um caminho, não haverá sofrimento, pois, sua esposa também sente que está no fim o relacionamento entre vocês, e ela também irá encontrar o seu verdadeiro companheiro.
Sua Júlia, dessa vida passada, está hoje resolvendo suas pendências cármicas e, muito em breve, vocês irão se encontrar; tenha calma e paciência. Só houve a autorização dessa revelação futura pela sua maturidade e merecimento, pois, poucos têm essa oportunidade. Fique em paz e seja feliz!
Ele está indo embora, nem disse o nome dele.
Conclusão:
Paciente acabou se reencontrando com a Júlia, esposa da vida passada
Após o término da terapia, um ano depois, ele me enviou um e-mail:
– Dr. Osvaldo, é com muita alegria e gratidão aos seres espirituais de luz que me ajudam, que venho dividir com o senhor um acontecimento que me deixou muito feliz, ou seja, a minha amada (Júlia), eu a encontrei. Seis meses, após o término da terapia, minha esposa atual, pediu a separação, dizendo que não aguentava mais ver a minha tristeza, e eu aceitei. Viajei a trabalho e na volta encontrei uma nova funcionária na empresa, onde trabalho; quando a vi não tive dúvida que era ela, a Júlia.
Fiquei maravilhado com ela, estamos namorando, é uma sensação que eu não consigo descrever; só sei que eu a amo. Agradeço em minhas orações àquele ser espiritual de luz que veio me dar a boa nova, acredito que seja o meu mentor espiritual. Fico imensamente grato!
Muito obrigado ao senhor também, Dr. Osvaldo!
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