Vodu – significado, história e costumes
O Vodu é uma religião de origem africana, que foi trazida ao Brasil pelos escravos e, para sobreviver, incorporou elementos da cultura Cristã, como o batismo católico. Seus rituais correspondem às crenças tradicionais, que são encontradas na área do atual Benim, na África. A religião foi dispersada pelos escravos para diversos lugares do mundo. Conheça um pouco mais sobre o significado, a história e os costumes do Vodu.
O que é Vodu?
Vodun, vodum, voodoo ou vodu são termos que se referem aos diversos ramos de uma tradição religiosa baseada nos ancestrais com raízes primárias entre os povos Ewe-Fon do Benim, onde atualmente é reconhecida como a religião nacional, com mais de 7 milhões de seguidores. Além da tradição Fon, ou do Daomé, que ficaram na África, existem práticas que lançaram raízes em todo o mundo, no período do tráfico transatlântico de escravos. Atualmente, essas tradições ainda persistem como o vodu do Haiti, o candomblé do Brasil, a santería de Cuba, o vudu da Lusiana, nos Estados Unidos, entre outros. O termo “Vodum” pode significar tanto a religião quanto os espíritos centrais da crença.
Os Voduns (divindades do panteão jeje) não usam roupas luxuosas e costumam preferir a velha roupa de ração. As danças são feitas de forma cadenciada e seguem um ritmo pesado e denso. Os voduns se mantém sempre de olhos abertos, com algumas exceções, conversam em um dialeto próprio e dão conselhos àqueles que os procuram. Nas casas que cultuam vodun no Brasil, encontramos alguns rituais específicos como Sanjetò, Tò, Kpolé, Ajahutó, Kan, Zò, Kundá, Vivawe, Sanjegbè, Nahùnnú, Gbo le Gbo le, Agidazen.
Os rituais da religião são imersos em línguas secretas, elaborados e repleto de danças por pessoas possuídas. Também existem dietas especiais seguidas pelos sacerdotes e sacerdotisas . A religião defende que os espíritos dos ancestrais circulam entre os vivos durantes suas danças encapuzadas. Existe a crença que tocar em alguém que dança durante o transe de possessão por espírito, pode ser muito perigoso.
Os talismãs do vodu são vendidos e comprados como fetiches. Encontra-se estátuas, representando os deuses, ou canecas secas de animais. Os talismãs são vendidos como remédio e por seu poder espiritual. Existe um lado negro do Vodu em que os praticantes convocam maus espíritos para lançar feitiços contra seus inimigos.
Homens e mulheres fazem parte do sacerdócio do vodu. São realizadas fases de iniciação de seus deveres sacerdotais. As funções são basicamente rituais, cura, cerimônias religiosas para pacificar ou invocar espíritos, execução de iniciações de novos sacerdotes e sacerdotisas, ler o futuro, interpretar sonhos, realizar feitiços, invocar proteção e criar poções para diferentes fins. As poções podem ser preparadas para diversos objetivos, de magias para a morte a magias para o amor, mas paga-se um preço alto por isso.
Alguns objetos são indispensáveis em rituais do vodu. A área que é influenciada pelo sacerdote é chamada em alguns lugares de paróquia. Um conjunto de diferentes objetos cobre o altar do terreiro, ou templo. O peristilo é um espaço aberto ou coberto onde as cerimônias públicas acontecem. Os objetos do altar são utilizados em rituais, incluindo alguns que possuem significado simbólico como velas, comida, dinheiro, amuletos, colares de ritual, chocalhos cerimoniais, fotos de santos católicos, garrafas de cachaça, sinos, bandeiras, tambores, pedras sagradas e facas.
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O significado de Vodu
O vodu é uma religião que cultua os antepassados e entidades conhecidas como loas. Cada loa é reverenciada em seu próprio dia, quando animais como galinha e cabra são sacrificados e oferecidos com frutas e outras comidas. Os hogans são feiticeiros e chefes espirituais. As mulheres que realizam a condução do ritual são conhecidas como mambu. Os rituais de vodu são acompanhados de cantos, danças e músicas feitas com instrumentos de percussão. Os praticantes, vestidos com roupas típicas, entram em transe e incorporam as loas, que são bons ou maus espíritos.
No Brasil houve o sincretismo religioso do vodu, ele se misturou com outras práticas, principalmente o catolicismo. Existem nomes e características próprias para cada estado. Na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro é chamado de Candomblé jeje; no Amazonas e Maranhão Tambor de Minas e em Pernambuco o Xangô.
No Haiti, país localizado na América Central, a maior parte da população cultua o vodu. O estado e a feitiçaria estão ligados em toda a história haitiana. Desde sempre os líderes declaram-se homens sobrenaturais e contavam ao mesmo tempo com a força do Estado e com os poderes de bruxos eficientes. Praticamente todos os homens que governaram o país comandavam ao mesmo tempo danças cerimoniais.
Quando falamos de vodu, muitas pessoas pensam no boneco de vodu. Mas, são coisas diferentes. Enquanto o Vodu é uma religião praticada por milhões de pessoas, o boneco de vodu é uma magia negra muito antiga, com intenção de prejudicar uma pessoa. Já foram conhecidos como Kolossou. Quem pratica magia negra, pode espetá-los com agulhas ou alfinetes, amaldiçoando o indivíduo. Cada ponto que o boneco é furado, a pessoa vai sentir dor no corpo, na cabeça, nas pernas e braços. Caso seja atacado no coração, pode até morrer. Os bonecos raramente são usados no vodu, eles são muito mais relevantes em rituais de Hoodoo, que é outra religião.
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A história do Vodu
O vodu é original da África e foi espalhado pelos escravos para vários lugares do mundo. É conhecido por adorar muitos espíritos que pertencem às experiências da vida cotidiana. As práticas do vodu foram misturadas com diversos rituais católicos e santos. A religião foi levada para a região de Lousiana, nos EUA, em 1804, através de latifundiários cubanos que migraram acompanhados pelos seus escravos, no deslocamento que ocorreu devido à revolução de Cuba. O vodu sempre influenciou a cultura brasileira na forma do Candomblé, Umbanda, entre outras religiões derivadas. As características da religião podem variar de acordo com cada região.
Apesar do Vodu estar profundamente ligado à tradição e valores do Haiti, os praticantes da religião foram perseguidos por muitos anos no país. A elite haitiana rejeitava o vodu, apesar de muitos integrantes conhecerem e até praticarem a religião. Eles julgavam a prática como causa de atraso do país. Essa cultura começou a mudar na década de 1920, no período da ocupação norte-americana no país. Essa ocupação gerou um sentimento nacionalista e a elite voltou a olhar para os costumes africanos, em detrimento dos europeus.
O vodu ainda sofreu um revés no Haiti em 1940, quando houve uma campanha contra a prática no país. Apenas na Constituição de 1987, a religião foi reconhecida oficialmente pelo Estado, assim como o crioulo que se tornou um dos idiomas oficiais do país.
O Vodu é praticado por 80 milhões de pessoas em todo o mundo e este número está crescendo.
Como funciona o boneco vodu?
Os bonecos vodu recebem o nome de fetiche, que significa feitiço. Seu principal objetivo é influenciar alguém a distância, na maior parte das vezes com intenção de causar algum mal. Além de danos físicos, o boneco vodu pode tornar uma pessoa zumbi, sendo escrava do feiticeiro e realizando as vontades ordenadas, sob um controle mental extremamente forte.
Em geral, os bonecos de vodu são confeccionados de barro com terra de cemitério, ou de tecidos. Dentro deles são colocadas algumas coisas pessoais da vítima que vai ser afetada pela magia negra. Depois da confecção, é realizado um ritual para o feitiço ser iniciado.
Para o feitiço ser quebrado e a vítima se libertar do controle do praticante, o boneco precisa ser destruído.
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