Hiper-humano (parte 5): dor e sofrimento, por Gabhishak
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Essa é a quinta parte de uma série de textos sobre as condições necessárias para atingir o status de hiper-humano, ou seja, aquele que está acima das limitações físicas e mentais impostas muitas vezes por crenças e padrões com os quais nos identificamos sem investigar corretamente.
Posso dizer por experiência de cerca de dez anos estudando, praticando, observando e dialogando com especialistas sobre o assunto, que a grande maioria dos problemas físicos não nascem no corpo e são, isso sim, somatizações dos padrões mentais, das angústias, do stress, das pré-ocupações, frustrações e uma centena de estados mentais destrutivos.
Já há tal informação em âmbito científico: apenas nos Estados Unidos, mais de 70% das internações hospitalares decorrem de problemas nascidos na mente, não no corpo.
As dores, traumas e lesões são um caso típico. Podemos usá-los como exemplo.
No artigo anterior (Hiper-humano, parte 4 – Meditação e dores físicas) falamos um pouco acerca dos obstáculos que atrapalham mais ainda a vida das pessoas acometidas pelas dores físicas no corpo e/ou lesões das mais diversas espécies. Dissemos que o primeiro é não saber que a meditação pode ser um grande remédio e o segundo decorre do fato de não conhecermos nosso corpo e os sinais que ele dá.
O terceiro obstáculo que deve ser superado se quisermos nos tornar hiper-humanos é o sofrimento.
Exemplo. Existe a dor, ela está aí; a enxaqueca está presente, a dor no joelho está ocorrendo nesse exato momento.
É um fato. Sofrer com esse fato já é outra coisa. É o início da somatização. É quando a mente começa a interferir no corpo e alterar o adequado funcionamento de todo o organismo.
Por que está doendo? Por que isso está acontecendo comigo? Por que não passa nunca? Ah, essa dor de novo…o que eu fiz pra merecer isso? Eu estava tão bem e agora aqui nessa cama…
Você já ouviu sua mente ruminando coisas do tipo?
Pois é dessa forma que tem início o sofrimento. E como corpo e mente estão interligados, o cérebro humano vai processar essa ruminação e encaminha-la através de estímulos, impulsos elétricos ao resto do corpo.
Quais impulsos você acha que o corpo receberá quando a mente está obcecada com o sofrimento, repetindo negatividade e vitimismo?
Isso não apenas irá tornar toda a situação mais difícil como poderá prolongar o problema ou agravá-lo, dependendo no nível de identificação de cada um com esse personagem que sofre.
Minha proposta é que você utilize as técnicas de atenção plena para reconhecer e acabar com o sofrimento.
Explico.
Quando a dor estiver presente a primeira coisa a fazer é não entrar em negação.
Fique atento para não rejeita-la; não jogue a sujeira para baixo do tapete.
Ao contrário, receba-a bem, de braços abertos. Convide a dor para entrar e deixe-a bem a vontade.
Feito isso, mantenha-se alerta, com os ‘olhos da atenção’ ligados.
Não classifique. Esse é um grande equívoco.
Não diga ‘dor’. Fique apenas com a sensação. Observe atentamente se sua mente não vai deslizar para a rejeição e classificação negativa.
Entenda. Antes da mente denominar essa sensação (um latejar, uma pontada, pulsação, etc) como dor, era tão somente uma sensação, não é mesmo?
Eu digo para você ficar apenas com a sensação e não nomeie, não classifique, porque se você denominar, colocar uma tarjeta sobre ela, sua mente vai associar aquele nome como algo negativo e logo o processo de sofrimento começará.
Então convide a dor para entrar, não a rejeite.
Segundo, esteja alerta para a sensação – descarte o nome ‘dor’.
E terceiro: observe essas sensações.
Observar, no caso, é simplesmente dirigir sua atenção para o que está ocorrendo no seu corpo neste momento. Vá cada vez mais fundo; ajudará se você puder sentir a área de abrangência ir diminuindo cada vez mais. Se a sensação for latejamento, por exemplo, sinta esse latejar diminuir gradualmente até que se torne um diminuto ponto do tamanho da cabeça de um alfinete.
Veja o que ocorre!
E comente como foi a experiência.
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