Naipe de Copas: o Elemento Água nas Cartas do Tarot
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No Tarot, a sequência de cartas do Naipe de Copas, representada por taças (ou “cálices”, ou “copas”), está associada ao Elemento Água. A copa simboliza o recipiente a ser preenchido, com a receptividade própria desse elemento. Sua característica é Yin. Os arcanos desta série revelam o feito dos trânsitos planetários nas casas astrais de Câncer, Escorpião e Peixes.
Naipe de Copas e o Elemento Água
No baralho comum, esse elemento é representado pelo coração. Isso expressa perfeitamente a ideia de que o coração é o recipiente – o cálice – que deseja ser preenchido com amor. Num sentido cristão, esse amor torna-se transcendental, como a graça divina de Cristo pela qual nossa alma anseia.
O Cálice Sagrado foi significativo na última ceia, e seu valor simbólico está presente nas novelas do ciclo arturiano em que os Cavaleiros da Távola Redonda vivem várias aventuras em busca do Santo Graal, a cujo conteúdo só pode ter acesso o cavaleiro que for puro de alma e coração.
Na tradição do paganismo celta, o cálice está relacionado à sabedoria do útero da deusa e ao poder feminino. Dentro do útero estamos envoltos em Água, e ali recebemos nossas primeiras informações sobre o amor materno – daí a relação com a Mãe.
No que toca à passividade, tem a ver com a capacidade do meio líquido se adaptar e tomar a forma de qualquer recipiente que o contém. A adaptabilidade faz parte da imensa força e resiliência da Água: pode existir nos três estados – sólido, líquido e gasoso. Com isso, o Elemento Água nunca se extingue, pois sempre retorna. Evapora e volta como chuva. Se cai sobre a terra, infiltra em outros meios. Também participa da composição viva de todos os seres, como célula e sangue, e é essencial para a manutenção da vida em nosso planeta. Pode ser límpida e gentil como a fonte que brota, e pode ser densa como o pântano onde a matéria orgânica se decompõe. Do simples vazamento à fúria da enchente, a Água é impossível de se conter – principalmente se ignorada: se não atentamos para seus avisos, mais cedo ou mais tarde, precisamos encarar o estrago.
Pertencem ao domínio da Água as questões relacionadas a emoções e sentimentos. Nas cartas de Copas do Tarot se realiza o trabalho de reconhecermos nossos relacionamentos, conexões e memórias afetivas. Este elemento orienta-se pelo senso de fluidez, sempre em movimento.
Qualquer forma de estagnação deturpa suas qualidades porque sua característica inata é fluir. Mas esse exercício de olhar para dentro de si mesmo não se dá de forma linear, bem como a própria Água, que se apresenta na natureza de forma cíclica: ora é um iceberg, ora uma corrente, ora é vapor, ora é precipitação, e segue adiante.
Além disso, a Água também tem uma forte ligação com a Lua. Isso significa que nesse elemento estamos sujeitos a fases e oscilações de humor, e a retomar os conteúdos que não foram propriamente abordados e integrados.
O que seria essa integração? A Água tem uma linguagem própria, que não pertence ao Logos, mas à Psique. Ela se comunica de maneira simbólica, que precisamos decodificar. Essa integração pode ser o confronto e o reconhecimento das questões afetivas mais prementes em nossa alma. É preciso mergulhar para resgatar essas mensagens, que se manifestam toda vez que o subconsciente emerge das profundezas e se manifesta no mundo externo. Sempre de maneira que foge a nosso controle, pois assim é a Água. Habilidades psíquicas afloradas, intuição, devoção espiritual, sensibilidade artística, sonhos particularmente emblemáticos, sintomas de saúde que emergem “do nada”, atos falhos de linguagem – são todos exemplos dessa linguagem.
Finalmente, essa integração também pode se dar através de um processo profundo de cura e purificação, como uma experiência mística. Porque a água tudo lava – limpa, regenera – e tudo conecta (já que ela flui por Terra e Ar). Percebemos intuitivamente quando o Sagrado nos mostra sua face. Independentemente da cultura em que crescemos, todos carregamos certo desejo de união com o espírito. Na psicologia de Jung, a água remete ao arquétipo da Mãe e do inconsciente coletivo. Assim, a Água é a morada do psiquismo onde renascemos onde nossa alma se renova.
Os arcanos desta série descrevem a trajetória desde a primeira gota de orvalho que penetra o mundo físico (Ás de Copas) indo até o Dez de Copas, onde a sede emocional e espiritual é saciada.
As figuras da corte de Água passam certo romantismo em sua apresentação – a harmonia das formas, a graciosidade da postura, a suavidade das cores. Precisam evocar essa impressão porque, caso contrário, ninguém se arrisca a adentrar as águas do subconsciente, que é o reino que guardam e habitam. Quando nos deparamos com tais figuras, sentimos impulso de confiar nossos sentimentos e abrir o coração.
- Aspectos positivos do Elemento Água: empatia, sensibilidade, acolhimento, compaixão, imaginação, amor, romantismo, estética, harmonia, memória, redenção.
- Aspectos negativos em Água: fantasia, ilusão, sentimentalismo, manipulação, remorso, autopiedade, depressão, fuga da realidade.
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