Tutorial da Meditação #02 — O Motivo, por Gabhishak
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
No artigo anterior conversamos um pouco sobre a escolha da técnica, do método, ou simplificando ainda mais, da melhor meditação para cada um.
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Agora, iremos abordar outro aspecto, também relativo aos primeiros passos na jornada do meditador.
Trata-se do assentamento da prática meditativa.
Daquilo que devemos fazer para que a meditação integre nossas vidas, o que, diga-se de passagem, é fundamental.
Se a meditação não andar conosco enquanto tomamos banho ou caminhamos pela rua, quando fazemos amor, dormimos ou escutamos uma boa música, que valor terá?
Vai acabar se tornando mais um exercício e aos poucos cairá na automatização.
A meditação tem que se tornar nossa sombra.
É apropriada a analogia que se faz com o ato de respirar.
Se há algo que está sempre, a cada instante conosco, é a respiração.
O mesmo deve ocorrer com a meditação. Aos poucos, ela deve ser incorporada a nossa vida, em todos os momentos.
O meditar deve ir cedendo espaço para a meditação.
Sabendo disso, a pergunta que devemos fazer é: de onde vem o interesse no assunto? porque quero meditar? o que pretendo com isso?
Essas questões são de grande importância e precisamos de absoluta clareza, especialmente porque há muita desinformação no ‘mercado’ da espiritualidade. Há uma infinidade de produtos a venda, tem oferta que promete nos levar a Paris, mas não conseguimos chegar sequer ao aeroporto.
Antes mesmo de entrar no avião, de embarcar nessa viagem, devemos saber para onde queremos ir. Todo meditador precisa questionar quais seus verdadeiros motivos e ser muito honesto consigo na resposta.
Vejamos.
Em geral, as pessoas buscam a meditação por duas razões.
Primeiramente estão os que querem melhorar a saúde do corpo e/ou da mente (principalmente desta), haja vista que cada vez mais tem havido notícias sobre os incríveis benefícios que a prática meditativa pode oferecer.
Já o segundo grupo corresponde aos assim chamados buscadores espirituais, aqueles que vêm a meditação como uma alternativa, um meio, uma ferramenta de autoconhecimento.
Se você faz parte do primeiro grupo, não tenha dúvida de que sobram evidências e as técnicas poderão lhe ajudar. Portanto, se sua motivação aponta para um corpo saudável ou livrar-se do stress, da ansiedade e outras patologias emocionais, a meditação poderá ser medicinal, assertiva.
Por outro lado, se seu interesse estiver além do corpo e da mente, saiba desde já que não há nenhuma garantia.
Isso me recorda um breve conto zen:
“Um jovem monge estava sentado, imóvel, em perfeita posição de lótus. Certa ocasião, seu Mestre aproximou-se dele e perguntou:
– Por que praticas tanta Meditação?
– Para me tornar um Buddha.
Então, o Mestre pegou duas pedras e começou a esfregá-las uma na outra.
Intrigado, o discípulo perguntou:
– O que estás fazendo?
– Pretendo transformá-la num espelho, contestou o Mestre.
– hahahahhahah, por mais que você esfregue, essa pedra nunca se tornará um espelho.
– O mesmo posso dizer de ti. Você pode ficar a vida toda sentado nessa posição, como uma pedra, e nunca se tornará um Buddha, finalizou o Mestre!
Praticar meditação como meio para alcançar um objetivo espiritual é um tiro no escuro e com bala de festim. Não tem alvo, ou melhor, o alvo é invisível e, quiçá, inexistente.
Isso significa que devemos deixar de meditar? Não.
Significa que deve haver uma compreensão antes de sair por aí repetindo certos mantras, determinadas respirações ou coisas do tipo.
Questione-se, amigo leitor. Indague, investigue.
Conhecer nossa verdadeira intenção no começo será de grande ajuda para evitar muitos obstáculos pelo caminho.
Qual é sua motivação?
Tem dúvidas? Sugestões? Deixe um comentário ou entre em contato conosco.
*esse texto é de responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic.
** para sua segurança e melhores resultados consulte sempre um profissional de meditação.
*** as técnicas de meditação não substituem orientação ou tratamento dos médicos, nutricionistas, psicólogos e demais profissionais da saúde.
Fontes: Christian Rocha, Contos Zen Budistas
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