A evolução espiritual através da energia sexual
Esse texto foi escrito com todo o cuidado e carinho por um autor convidado. O conteúdo é da sua responsabilidade, não refletindo, necessariamente, a opinião do WeMystic Brasil.
Que na matéria tudo é energia, nós já sabemos. Mas será que o sexo também entra nesse processo? Será que quando fazemos sexo, o significado espiritual vai além dos prazeres do corpo?
A resposta é sim. Aliás, nesse mundo, não há nada mais espiritual, supremo, magnífico e divino do que o ato sexual. Do amor entre dois surge um terceiro, um fruto, de maneira quase mágica, que faz especialmente da mulher quase uma deusa.
Podemos dizer também que, além da troca de fluídos, o sexo é uma ponte energética para o outro. Cada pessoa que passa por nossas vidas deixa uma espécie de “fio energético”, que nos mantém conectados com essa pessoa por anos. Recebemos uma carga energética com muitas informações e também damos ao outro referências íntimas nossas, como se a cada relação sexual fossem transmitidas para ambas as partes uma teia de informações energéticas.
Portanto, uma relação com um parceiro com problemas emocionais e energéticos traz parte dessas perturbações para nós e pode influenciar nossa jornada espiritual.
A nossa energia sexual não está ligada somente ao ato sexual em si, mas também com a nossa criatividade, disposição e tudo relacionado a atividades materiais. Mas este não é o foco deste artigo. Aqui, vamos tratar sobre o desenvolvimento espiritual e a importância dos trabalhos com a energia sexual para nosso desenvolvimento, especialmente através da ativação da energia da kundalini.
Kundalini e o despertar espiritual
Para começarmos a entender a kundalini, precisamos pensar nos chakras: cada ser vivo possui um campo magnético conhecido como aura, e nela existem aberturas por onde fazemos trocas energéticas com o mundo externo. Essas aberturas na aura são vórtices energéticos, centros de energia circular que vibram constantemente no nosso corpo e regulam, inclusive, a saúde dos órgãos. São muitos os vórtices, embora sete deles sejam considerados os principais e, dentre eles, temos o chakra básico, onde se concentra a energia kundalini.
Localizado na região do períneo, o chakra básico é ligado ao elemento terra e é o responsável pela absorção da energia telúrica e pelo estímulo da energia no corpo como um todo, além de ser a morada da energia kundalini.
Kundalini é o poder do desejo puro dentro de nós, a energia da alma e da consciência, a emanação do infinito e da energia cósmica dentro de cada um de nós. Segundo os hindus, encontra-se adormecida na base da nossa coluna vertebral e é representada por uma cobra, que fica enrolada em três voltas e meia em torno desse chakra.
O despertar de Kundalini significa também o despertar espiritual e, conforme a cobra sobe entre os chakras, mais a nossa consciência se expande. Além disso, os hindus também ensinam que no chakra básico encontra-se Shakti, uma deusa que representa a energia feminina e, no topo de nossa cabeça – chakra coronário – encontra-se seu companheiro Shiva, o deus que representa a energia masculina. Quando essas energias se juntam, a mágica do poder da vida acontece e é por isso é importante trabalhar os chakras inferiores para completar nosso desenvolvimento espiritual por meio da ativação total de todos os chakras. Portanto, quando esta força está desperta, ela pode ser transportada para cima ou para baixo, juntamente com a coluna em direção ao chakra da coronário e intensificar o funcionamento de todos os chakras.
Basicamente, trabalhar a energia sexual é essencial para desenvolver a mediunidade, integrar os chakras e atingir a iluminação. O despertar kundalini traz muitas mudanças na energia e na consciência, mudando nossa percepção de vida totalmente.
Como despertar a kundalini?
O despertar da kundalini pode ocorrer de maneira natural, quando praticamos exercícios de respiração, boa alimentação e Yoga. Porém, quando desejamos um despertar de maneira intencional, o processo só é indicado para pessoas que queiram se conhecer profundamente e que tenham objetivos espirituais. Essa é uma energia poderosa e que, uma vez desperta, precisa ser mantida e cuidada. Ele trata da percepção completa de nós mesmos e do universo, de forma a proporcionar ao espírito a liberdade absoluta.
Para despertar a kundalini, os yogis têm exercícios de meditação, respiração, posturas, mantras, mudras e até mesmo práticas sexuais voltadas para a movimentação dessa energia, que envolve muito do controle da mente até mesmo sobre o orgasmo. No caso do ato sexual, a kundalini seria desperta ao mesmo tempo nas duas pessoas envolvidas e isso torna a experiência ainda mais intensa. Para aprender essas técnicas, é necessário encontrar um professor de Yoga que tenha esse treinamento e saiba ensinar as técnicas de forma responsável e ética. Uma das vertentes que focam nessa energia é o Tantra.
O Tantra é um termo sânscrito que significa “uso, trama, tecer” e foi criado pelos hindus no século VII para determinar rituais, meditação e disciplina, como um código ou filosofia comportamental para os praticantes. A palavra “tantra” é composta por duas raízes: “tan” e “tra”, onde a primeira significa expansão e a segunda libertação. Ao contrário da maioria das filosofias espiritualistas, o Tantra vê o corpo como um meio para o conhecimento, não um obstáculo ou algo impuro.
Em essência, o Tantra tem o objetivo de desenvolver o ser integralmente, nos seus aspectos físico, mental e espiritual, ou seja, atua sobre todos os aspectos de nossa vida. Ele tem como princípio o culto do feminino e busca a manifestação dessa força em nós, que na Índia é simbolizada pela deusa Shakti, mesma deusa que eles acreditam que age sobre nosso chakra básico.
As práticas incluem mantras, yantras (figuras geométricas como mandalas por exemplo) e rituais que incluem diferentes formas de meditação. Tudo isto aumenta nossa energia de forma geral, poder, compreensão, inteligência, claridade, felicidade e capacidade para amar.
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Quando a energia sexual se volta contra nós
Temos visto casos recentes de escândalos envolvendo guias espirituais famosos no Brasil e no mundo, implicados em situações de abuso sexual e poder. Uma tristeza enorme e que presta um desserviço a toda comunidade espiritualista em geral.
Mas isso não é novidade nenhuma. Na história temos muitos relatos envolvendo personalidades do universo espiritual como Osho e tantos outros. O fato é que, com certeza, a energia sexual está totalmente ligada ao desenvolvimento da espiritualidade e é uma força tão poderosa que pode se voltar contra nós. Cuidar dessa energia faz parte do despertar e quando ela é saudável e utilizada para o crescimento, ela pode acelerar muito o despertar.
Basicamente, são duas as situações mais comuns onde a energia sexual adoece: quando ela é reprimida e quando existe um abuso dela, levando a perda de controle sobre as ações e a ilusão com o poder que ela gera.
Nascemos da troca energética e fluídica entre duas pessoas que se amam e isso já diz muito sobre a potência dessa energia. Ela é natural, o que significa que para estarmos saudáveis física e mentalmente, precisamos cuidar de nós como um todo e isso envolve atenção às práticas sexuais. Reprimi-la ou servir-se dela de forma irresponsável traz consequências psíquicas severas, já que ela é parte da energia Divina em nós e deve ser cuidada de acordo.
Clique Aqui: Energia Sexual – sabia que trocamos energia quando fazemos sexo?
Sacerdotes, Osho, Prem Baba e João de Deus
Um exemplo clássico de energia reprimida e doente ocorre em igrejas como a católica, onde a prática do celibato reprime a energia sexual, natural e benéfica, para fins de controle total por parte da igreja sobre seus integrantes. Claro que o discurso em torno do celibato é muito bem elaborado e parece algo nobre e bonito, onde os sacerdotes se abstêm do casamento e do exercício da sexualidade para estarem unidos ao senhor sem distrações e amar a todos com total dedicação. Mas, sabemos historicamente essa exigência se relaciona muito mais com as finanças da igreja do que com fins espirituais.
A questão é que, agindo dessa forma castrativa e repressora, acabamos por ter inúmeros sacerdotes envolvidos em casos de pedofilia, um sinal evidente de energia sexual doente agindo sobre essas pessoas. Mas não só a pedofilia, pois temos também muitos relatos de estupro de freiras e abortos em conventos, apesar dos esforços da igreja em esconder essas ocorrências. Excomungar sacerdotes e fiéis devido a crimes sexuais é muito raro na igreja, entretanto, ela não tarda em punir o aborto, mesmo quando realizado em contextos de abuso. O caso emblemático ocorrido no nordeste em 2009, da menina de 9 anos abusada pelo padrasto é revoltante: a criança engravidou e, óbvio, era uma gestação indesejada e de alto risco, que além da morte da criança e dos dois bebês poderia deixar sequelas para o resto da vida. Os médicos recomendaram a interrupção imediata da gravidez, procedimento que foi realizado em ambiente seguro. Porém, assim que soube do caso, o arcebispo de Olinda e Recife dom José Cardoso Sobrinho prontamente excomungou a mãe da menina e a equipe médica envolvida no caso, mas poupou o padrasto abusador. A justificativa utilizada pelo arcebispo foi que “ele cometeu um crime enorme, mas não está incluído na excomunhão. Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente”. A condescendência da igreja com casos de abuso sexual é muito comum e chega a revirar o estômago.
Já em outro categoria, temos casos de guias espirituais como Osho e Prem Baba, que, apesar da alta espiritualidade, se deixaram iludir com a poderosa energia sexual e praticaram abusos imperdoáveis contra seguidores. Sabiam como trabalhar essa energia, sabiam da importância da utilização dela no desenvolvimento espiritual e mesmo assim foram seduzidos, ficando cegos a ponto de confundir o papel de orientador com abusador.
Temos também, é claro, casos para os quais não conseguimos sequer encontrar uma explicação que nos permita compreender a origem de tamanha perversidade: o médium João de Deus e as mais de 500 denúncias de abuso sexual praticados por ele, além de pedofilia, tráfico infantil e posse ilegal de armas é um desses casos. O mais “curioso” é que mesmo com tantas denúncias e provas de crimes sexuais, o motivo da prisão de João de Deus foi a posse ilegal de armas de fogo. Não há energia sexual doente que explique as barbaridades realizadas por esse João, que, de Deus, não tem nada.
O sexo é divino, sublime e uma das energias mais poderosas que existe, pois envolve verdadeiro amor e a geração de novas vidas, o que há de mais próximo de Deus. Cuidar da nossa vida sexual é fundamental para nossa caminhada existencial.
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